A Serra Catarinense vem ganhando destaque como um dos destinos mais encantadores do Brasil para quem busca experiências ligadas à boa mesa e ao enoturismo. Com cidades como São Joaquim, Urubici, Bom Retiro e Urupema, a região reúne paisagens deslumbrantes, clima frio e uma rica tradição cultural. Nos últimos anos, as vinícolas da serra têm atraído visitantes de todo o país com seus vinhos de altitude premiados e roteiros que combinam natureza, gastronomia e acolhimento.
Durante o inverno, a Serra Catarinense revela sua face mais aconchegante. O frio rigoroso cria o ambiente perfeito para apreciar pratos quentes e reconfortantes — como fondues, massas, carnes de panela e queijos artesanais — que ganham ainda mais destaque quando harmonizados com os vinhos produzidos nas altitudes elevadas da região. Essa combinação não é apenas um prazer ao paladar, mas uma celebração da cultura local, onde o terroir dos vinhos encontra ressonância nos sabores típicos da culinária serrana.
Neste artigo, você vai conhecer um roteiro completo para explorar as vinícolas da Serra Catarinense em uma verdadeira jornada enogastronômica de inverno. Apresentaremos os principais produtores de vinho da região, os pratos mais emblemáticos da temporada e as melhores sugestões de harmonização. Prepare-se para descobrir uma experiência sensorial que une tradição, sabor e o charme inconfundível do inverno catarinense.
O que são vinhos de altitude e por que eles se destacam
Características únicas dos vinhos produzidos em altitude
Os chamados vinhos de altitude são aqueles produzidos em regiões que superam os 900 metros acima do nível do mar — como é o caso da Serra Catarinense, que abriga vinhedos a mais de 1.200 metros. Essa elevação proporciona uma série de condições climáticas e geográficas que influenciam diretamente na qualidade da uva e, consequentemente, no vinho.
Em altitudes elevadas, a amplitude térmica é maior, ou seja, os dias são quentes e as noites frias. Isso permite uma maturação lenta e equilibrada das uvas, resultando em vinhos mais aromáticos, frescos e com boa acidez natural.
Além disso, os vinhos de altitude apresentam coloração intensa, taninos bem estruturados e uma complexidade que os diferencia dos produzidos em regiões mais quentes e baixas. Tais características tornam esses rótulos ideais para harmonizações sofisticadas, especialmente com pratos de inverno mais encorpados.
Clima, solo e terroir da Serra Catarinense
A Serra Catarinense possui um dos climas mais frios do Brasil, com geadas frequentes no inverno e temperaturas que podem chegar a níveis negativos. Esse frio é um aliado importante na produção de uvas viníferas, já que ajuda a controlar pragas, reduz o uso de defensivos agrícolas e favorece a concentração de compostos aromáticos e fenólicos nas frutas.
O solo da região, majoritariamente basáltico, é outro fator relevante: rico em minerais, ele contribui para a estrutura e elegância dos vinhos. O conjunto desses elementos — clima, solo, altitude, orientação solar e práticas agrícolas — forma o chamado terroir, que na Serra Catarinense oferece condições únicas para a vitivinicultura de excelência. O resultado são vinhos autênticos, que expressam com fidelidade o ambiente de onde vêm.
Premiações e reconhecimento dos vinhos catarinenses no Brasil e no exterior
Nas últimas décadas, os vinhos de altitude da Serra Catarinense vêm conquistando cada vez mais espaço e reconhecimento. Produtores da região já foram premiados em concursos nacionais e internacionais de prestígio, como o Decanter World Wine Awards, o Concours Mondial de Bruxelles e o Brazil Wine Challenge. Rótulos como os da Villa Francioni, Leone di Venezia, Pericó e Hiragami figuram entre os mais bem avaliados do país, destacando-se tanto por sua qualidade quanto por sua originalidade.
Esse reconhecimento reforça o potencial da Serra Catarinense como polo de enoturismo e produção vitivinícola de alto nível — uma verdadeira joia no sul do Brasil que merece ser descoberta por enófilos e apreciadores da boa gastronomia.
Temporada de inverno na Serra Catarinense: o cenário ideal
Clima frio e charme das paisagens serranas
O inverno na Serra Catarinense é, sem dúvida, uma das épocas mais mágicas do ano. As temperaturas caem drasticamente, podendo chegar a marcas negativas, e em alguns dias privilegiados, a neve dá o ar da graça, cobrindo montanhas, pinheiros e vinhedos com um delicado manto branco. As paisagens naturais se transformam: campos verdes se tornam nevoados, o céu ganha tons azulados mais intensos, e o ar puro do alto da serra convida a uma desaceleração que combina perfeitamente com o turismo de experiência.
Atrações sazonais e eventos típicos da estação
Durante o inverno, a Serra Catarinense vive seu auge turístico, com uma programação repleta de eventos culturais, festivais gastronômicos e experiências únicas ligadas ao frio. Em cidades como São Joaquim, Urubici e Bom Jardim da Serra, é possível participar de colheitas simbólicas de uva (fora da safra oficial), jantares harmonizados em vinícolas, feiras de produtos artesanais e até festivais que celebram a gastronomia regional.
Como o inverno valoriza a experiência gastronômica
O frio intenso da serra torna os sabores mais profundos e as refeições mais memoráveis. Pratos quentes e encorpados ganham ainda mais sentido em um ambiente frio, despertando todos os sentidos. Fondue de queijos artesanais, massas com molhos robustos, carnes cozidas lentamente, risotos aromáticos e sobremesas quentes harmonizam com perfeição com os vinhos de altitude da região — que, por sua estrutura e complexidade, revelam-se aliados ideais da culinária de inverno.
Mais do que alimentar, a gastronomia de inverno na Serra Catarinense aquece, conforta e conecta. Ela valoriza ingredientes locais, fortalece a cultura regional e transforma cada refeição em uma experiência afetiva. Para os amantes do vinho, é a estação perfeita para degustações intimistas, visitas a adegas e almoços que se estendem sem pressa, sempre acompanhados de um bom rótulo local.
Principais vinícolas da região para visitar em um tour gastronômico
A Serra Catarinense abriga algumas das vinícolas mais respeitadas do país quando se fala em vinhos de altitude. Além de produzirem rótulos premiados, muitas dessas vinícolas oferecem experiências enoturísticas completas, que incluem visitas guiadas, degustações, harmonizações e gastronomia local. A seguir, conheça algumas das principais paradas obrigatórias em um tour gastronômico pela região.
Vinícola Villa Francioni (São Joaquim)
Um dos nomes mais emblemáticos do enoturismo catarinense, a Villa Francioni é reconhecida tanto pela excelência dos seus vinhos quanto pela sua arquitetura impressionante. Localizada em São Joaquim, a vinícola oferece uma estrutura sofisticada para visitantes, com visitas guiadas que incluem passeios pelos vinhedos, adegas subterrâneas e salas de barricas.
Seu portfólio inclui rótulos icônicos como o Joaquim, o Francioni Chardonnay e o VF Rosé, ideais para harmonizar com pratos de inverno como risotos, fondue de queijo e carnes grelhadas. O espaço conta também com uma galeria de arte, integrando cultura e vinho em uma experiência única.
Vinícola Pericó (São Joaquim)
Também situada em São Joaquim, a Vinícola Pericó se destaca pela produção de espumantes de alta qualidade, como o Pericó Brut Rosé, e tintos estruturados, como o Pericó Cabernet Sauvignon. Suas instalações ficam em um vale cercado por natureza exuberante, criando um ambiente ideal para degustações ao ar livre e eventos sazonais.
A Pericó investe fortemente na integração entre vinho e gastronomia. É comum encontrar jantares harmonizados, experiências gastronômicas com chefs convidados e menus temáticos que variam conforme a estação. O frio da serra valoriza os pratos quentes do cardápio, como sopas cremosas e carnes ao molho de vinho.
Vinícola Hiragami ou Leone di Venezia (Urupema ou São Joaquim)
Na cidade de Urupema, considerada uma das mais frias do Brasil, a Vinícola Hiragami surpreende com vinhos que refletem fielmente o terroir extremo da região. Pequena, artesanal e cuidadosa em cada detalhe, é ideal para quem busca uma experiência mais intimista e personalizada. Seus rótulos, como o Hiragami Pinot Noir, harmonizam muito bem com pratos mais delicados e refinados.
Outras vinícolas em destaque na região
Além das mais conhecidas, a Serra Catarinense abriga diversas vinícolas menores, mas igualmente encantadoras. Entre elas, destacam-se:
Monte Agudo, com seu belíssimo pôr do sol e degustações harmonizadas em um mirante com vista para os vinhedos.
Vinícola D’alture, que oferece almoços com pratos típicos harmonizados com seus vinhos leves e frescos.
Vinícola Suzin, referência em Cabernet Sauvignon e Merlot, com ótima estrutura para enoturismo e atendimento familiar.
Cada uma dessas vinícolas contribui para o charme e a diversidade do roteiro, oferecendo diferentes estilos de vinho, experiências personalizadas e um mergulho na cultura vitivinícola da região.
Roteiro sugerido de 3 dias para um tour enogastronômico completo
Para quem deseja vivenciar o melhor da Serra Catarinense durante o inverno, um roteiro de três dias é tempo suficiente para explorar algumas das principais vinícolas, degustar pratos típicos e se encantar com as paisagens geladas da serra. A seguir, sugerimos um itinerário que equilibra degustações, passeios e experiências gastronômicas inesquecíveis.
Dia 1: Chegada, visita à primeira vinícola e jantar harmonizado
Ao chegar em São Joaquim, Urubici ou Bom Retiro, a primeira dica é se hospedar em uma pousada com estrutura acolhedora — de preferência com lareira e vista para as montanhas. Após o check-in, siga para uma visita à Vinícola Villa Francioni, uma das mais emblemáticas da região. O passeio guiado inclui uma imersão na história da vinícola, visita às caves subterrâneas e degustação de rótulos como o VF Rosé ou o Francioni Chardonnay.
No início da noite, reserve uma experiência de jantar harmonizado em um dos restaurantes parceiros das vinícolas ou em locais que oferecem menus sazonais, com pratos como risoto de pinhão com carne de panela e fondue de queijo com vinhos tintos da região. É a introdução perfeita ao clima enogastronômico da serra.
Dia 2: Tour por duas vinícolas com almoço e degustação temática
O segundo dia começa com um bom café da manhã colonial, recheado de pães caseiros, queijos artesanais, geleias e frutas da estação. A primeira parada do dia pode ser na Vinícola Pericó, onde é possível participar de uma visita guiada pelos vinhedos, seguida de uma degustação temática — com foco em espumantes e tintos jovens, ideais para pratos leves e entradas.
Após a visita, aproveite o almoço harmonizado oferecido por algumas vinícolas ou restaurantes próximos, com cardápios que valorizam ingredientes locais como truta salmonada, cordeiro e vegetais de inverno. À tarde, siga para a Vinícola Leone di Venezia, que une a tradição italiana com o terroir da serra. O espaço oferece degustações técnicas de seus vinhos Barbera, Montepulciano e Sangiovese, além de belas paisagens para fotos e contemplação.
À noite, aproveite para explorar o centro da cidade escolhida, visitar lojinhas de produtos locais ou simplesmente relaxar com uma taça de vinho à beira da lareira.
Dia 3: Café da manhã local, última vinícola e almoço típico
No último dia, após o café da manhã, reserve a manhã para visitar uma vinícola menor e mais intimista — como a Vinícola Hiragami ou a Monte Agudo, ambas com experiências exclusivas, ideais para quem busca contato mais direto com o produtor e foco na qualidade artesanal.
Encerrando o tour, nada melhor do que um almoço típico serrano em um restaurante rural ou bistrô da região. Pratos como entrevero, polenta com ragu, sopa de agnolini ou massas frescas com molho de cogumelos fecham a viagem com sabor e aconchego. Antes de partir, aproveite para comprar vinhos, queijos e embutidos como lembrança (ou para reviver a experiência em casa).
Dicas práticas para aproveitar melhor o tour
Planejar com cuidado sua visita à Serra Catarinense é essencial para aproveitar ao máximo o tour enogastronômico, especialmente durante o inverno, quando a procura aumenta e as experiências são mais concorridas. A seguir, reunimos dicas úteis para tornar sua viagem mais tranquila, saborosa e inesquecível.
Melhor época para visitar
Embora as vinícolas da Serra Catarinense estejam abertas ao longo de todo o ano, o inverno (junho a agosto) é, sem dúvida, a temporada mais procurada e encantadora. É nesse período que o frio intenso cria o clima perfeito para saborear vinhos e pratos quentes, além de aumentar as chances de ver geadas e até neve em cidades como São Joaquim e Urupema.
Outra época interessante é o outono (abril e maio), quando as vinhas mudam de cor e as temperaturas já começam a cair, criando paisagens belíssimas com menos movimento turístico. Já a vindima (colheita das uvas), que ocorre entre janeiro e março, é ideal para quem deseja participar de experiências diretamente nos vinhedos — embora o clima seja mais ameno.
Como agendar degustações e experiências gastronômicas
Com a crescente popularidade do enoturismo na Serra Catarinense, é altamente recomendável fazer reservas com antecedência — especialmente durante feriados, finais de semana e o inverno. A maioria das vinícolas oferece agendamento direto pelo site oficial ou por contato via WhatsApp.
Algumas experiências, como jantares harmonizados, visitas guiadas premium, degustações verticais e piqueniques entre os vinhedos, exigem reserva antecipada e têm vagas limitadas. Se estiver planejando um roteiro mais completo, vale a pena entrar em contato com agências locais de turismo enogastronômico, que montam pacotes personalizados com transporte, refeições e visitas incluídas.
Onde se hospedar e como se locomover
A região oferece diversas opções de hospedagem que vão desde pousadas charmosas e hotéis boutique até cabanas rústicas com vista para os vales. São Joaquim, Urubici e Bom Retiro são boas bases para explorar as vinícolas, com estrutura de restaurantes, lojinhas e pontos turísticos próximos. Dê preferência a acomodações com aquecimento, lareira e café da manhã local para tornar a experiência ainda mais acolhedora.
Quanto à locomoção, o ideal é estar de carro próprio ou alugado, já que as vinícolas estão espalhadas por áreas rurais, muitas vezes com acesso por estradas de terra. Para quem prefere não dirigir (especialmente após degustações), há opções de transfers privados ou motoristas locais especializados em rotas de enoturismo. Outra alternativa é contratar tours organizados, que incluem transporte e acompanhamento de guias.
Conclusão
Realizar um tour gastronômico pelas vinícolas da Serra Catarinense durante o inverno é muito mais do que simplesmente degustar vinhos ou saborear pratos típicos — é uma vivência sensorial completa. A combinação entre o clima frio, os sabores intensos da culinária serrana e a elegância dos vinhos de altitude proporciona uma imersão profunda na cultura local. É uma experiência que envolve paladar, olfato, visão e emoção, conectando o visitante com a terra, a tradição e as pessoas que fazem da serra um destino único.
Se você ainda não conhece a Serra Catarinense, o inverno é o momento perfeito para se encantar com seus encantos. As lareiras acesas, os vinhedos cobertos de neblina, os jantares harmonizados e o acolhimento das vinícolas tornam cada momento especial. Aproveite para montar seu roteiro com calma, incluir experiências personalizadas e se permitir viver dias de conforto, sabor e contemplação. É o destino ideal para casais, grupos de amigos ou mesmo viajantes em busca de experiências autênticas.
Ao escolher visitar e consumir produtos da Serra Catarinense, você contribui diretamente com o desenvolvimento sustentável da região. O apoio ao pequeno produtor, à vinícola familiar, ao restaurante local e aos artesãos fortalece a economia rural, preserva tradições e incentiva práticas mais conscientes. Leve para casa não apenas vinhos e queijos, mas a memória de uma viagem que respeita a cultura e valoriza a essência do território.